Introdução
Este
artigo compara as histórias e estilos de liderança de José e Daniel. Mesmo que
de diferentes épocas e lugares, as histórias de José e Daniel compartilham
várias semelhanças. Ambos contam a história de um jovem israelita que foi usado
nas mãos de Deus em um momento difícil e em uma terra estranha. Tanto o estilo
de liderança de Daniel como o de José são baseados em sua fidelidade à Deus e
sua determinação de não abandonar os princípios divinos.
O Contexto das Histórias de José & Daniel
A
história de Daniel é como a história de José, apenas os riscos são mais altos e
o desafio é maior. Em ambas as histórias, o rei está preocupado com o seu sonho
(Gn 41:8, Dan 2:01). O rei chama seus mágicos e sábios, mas eles não podem
interpretar seu sonho (Gn 41:8, Dan 2:02, 10-11). Nas histórias de Daniel e
José, o rei coloca os mágicos e sábios nas mãos do chefe de polícia (Gn 41:10) para
serem mortos (Daniel 2:12-13). Um jovem israelita que foi exilado é encontrado
e levado perante o rei (Gen 41:14, Dan 2:25). O israelita nega a capacidade de
interpretar o sonho e diz que só Deus pode fazer isso (Gen 41:16, Dan 2:27-28).
Na história de José, o sonho é dito para o israelita (Gn 41:17). Na história de
Daniel, o sonho não é dito para o israelita (Dan 2:5). Em ambas as histórias Deus
revela o sonho e a interpretação para os israelitas, e o sonho é sobre o futuro
da nação e as preocupações do rei (Gen 41:25, Dan 2:31-45). Após o israelita
dizer ao rei o sonho e a interpretação, o rei o coloca em uma posição oficial
elevada (Gen 41:40, Dan 2:48).
Os Valores e Ética de José & Daniel
Líderes
cristãos precisam seguir a Deus, mesmo quando liderando não-cristãos. Tanto
José quanto Daniel mantiveram seus valores divinos em uma terra estrangeira,
mesmo que isso significasse arriscarem suas vidas. José foi tentado a pecar contra Deus e seu
mestre (Gn 39), e mesmo que não houvesse ninguém olhando, José manteve seus
valores divinos firmes. Por causa de sua decisão de não pecar, ele foi para a
prisão acusado injustamente, mas a presença de Deus estava com ele (Gn 39:21).
Daniel também teve que lutar por seus valores divinos em uma terra estrangeira.
De acordo com Collins, "Daniel e seus amigos são caracterizados nos contos
pela observância das leis (por exemplo, as leis alimentares em Daniel 1) e
rejeição da idolatria, mesmo com o risco de morte (Dan 3)" (Collins 135).
É
interessante notar que, mesmo que a serviço de um rei pagão, Daniel e seus
amigos "mostraram uma atitude muito positiva para com o governo
gentio" (Collins 135). Daniel e seus companheiros "não adotaram todas
as formas de adivinhação praticada por seus colegas caldeus, mas desenvolveram interesse
nos estudos de sonhos" (Collins 137). Eles mantiveram seus valores divinos
e de piedade, e Deus os abençoou com conhecimento e sabedoria (Daniel 1:17). De
acordo com Collins, "o objetivo dos contos é, finalmente, não o reconhecimento
dos sábios, mas a glorificação do seu Deus" (Collins 137).
Os Meios de Influência de José & Daniel
Tanto
José quanto Daniel influenciaram o futuro da nação interpretando o sonho do
rei. No entanto, na história de Daniel, os riscos foram superiores e o desafio foi
maior. Os riscos foram superiores porque a vida de muitas pessoas estavam em
risco, e Daniel só poderia salvar aquelas vidas através da interpretação do
sonho. Rindge escreve: "nenhuma conseqüência é mencionada em Gênesis 41 se
José não apresentar a Faraó a interpretação do seu sonho. Para Daniel, no entanto,
e para o resto dos sábios da Babilônia, proporcionando a interpretação do sonho
é uma questão de vida ou morte" (Rindge 92). O desafio de Daniel foi maior
porque, na história de José, o rei disse-lhe o sonho, enquanto na história de
Daniel, o rei não lhe contou o sonho que ele tinha para interpretar.
Pode-se
inferir que a vida de José havia influenciado as pessoas ao seu redor onde quer
que ele estivesse. Em casa, seu pai havia lhe colocado como gerente sobre seus
irmãos (Gn 37:2). Como escravo na casa de Potifar, ele foi promovido ao cargo
de gerente de todo o espólio de Potifar (Gn 39:4-6). Na prisão, encarregado dos
outros prisioneiros (Howell 23, Gen 39:21-23). E mais tarde, ele foi "promovido
de intérprete para conselheiro chefe, segundo-em-comando de Faraó" (Howell
24). Deus estava com José e abençoava tudo o que ele fazia.
Daniel
é exilado para a Babilônia, onde ele, como José, tem que trabalhar para o
bem-estar de uma nação estrangeira. Rindge destaca que "em cada história
há um reconhecimento da presença divina com o herói" (Rindge 87). Deus foi
quem lhes deu a interpretação do sonho em ambas as situações, no entanto,
pode-se inferir que as habilidades de interpretação de Daniel foram superiores
do que as de José. Rindge compara as habilidades de interpretação de José e
Daniel:
A habilidade de Daniel como intérprete é superior a de José. Isto pode
ser entendido pela confiança que ele expressa em sua capacidade de fornecer a
interpretação do sonho. Em duas ocasiões, ele promete fazer-se conhecida a
interpretação (2:16,24). José, no entando, não faz essa promessa. Além disso,
Daniel é o que inicia ir diante do rei (2:14, 16, 24), novamente em contraste
com José, que é chamado a presença do rei (41:14). Por último, enquanto Faraó
informa José o conteúdo do sonho (41:17-24), Daniel é o que revela o conteúdo
do sonho de Nabucodonosor a ele (2:31-35). (92)
Pode-se
inferir que Daniel teve uma influência maior no reino babilônico já que ele foi
quem pediu para ir à presença do rei, e o rei aceitou receber Daniel na sua
presença.
Tanto
José quanto Daniel interpretaram o sonho do rei e foram promovidos a uma
posição importante no reino. No entanto, é interessante notar que a mensagem de
Daniel não era favorável ao rei, e o rei, ainda assim, aceita sua mensagem e
dá-lhe o poder de seu reino. A mensagem de José, embora preveja a fome no
reino, é uma mensagem de bênção para o rei, que lhe dá uma solução para salvar
seu reino da fome e lhe dá o poder de fornecer meios de susbsistência aos reinos
vizinhos.
Síntese dos Estilos de Liderança de José e
Daniel
Os
estilos de liderança tanto de Daniel quanto de José foram baseados em sua
fidelidade a Deus e sua sua determinação de não abandonar os princípios
divinos.
De
acordo com Howell, o perfil de liderança de José foi baseado em (1) a presença
de Deus, (2) integridade diante de Deus e do homem, (3) a confiança na graça
soberana de Deus (Howell 25, 26). A presença de Deus pode ser reconhecida
facilmente na vida de José. Mesmo que as circunstâncias estavam contra ele por várias
vezes (vendido à escravidão por seus irmãos, e injustamente acusado pela mulher
de Potifar), Deus sempre fez um caminho para resgatar José e abençoá-lo. José
mostrou integridade para com Deus e seu mestre por não pecar com a mulher de
Potifar. Howell define a confiança de José na graça soberana de Deus como
"José se mostrou resistente em contratempos, perdoador quando injustiçado,
e fiel em mordomias por causa de sua profunda crença em um Deus que estava
trabalhando por ele para realizar a libertação da família escolhida"
(Howell 26). José escolheu ser fiel e confiar em Deus, mesmo quando tudo
parecia contrário. Como resultado de sua fidelidade, Deus confiou-lhe uma
posição de honra e o usou como um
instrumento de bênção para sua família e para muitas nações.
Howell
define o perfil de liderança de Daniel em (1) a confiança no triunfo dos
propósitos de Deus no mundo, (2) a preserva de identidade própria e convicção
em um ambiente secular, (3) oração apaixonada pelo povo de Deus (Howell 120,
121). A confiança de Daniel no triunfo dos propósitos de Deus no mundo pode ser
vista em sua interpretação do sonho do rei. Ele não tem medo de anunciar que o
reino de Deus triunfará sobre o império do rei Nabucodonosor. Daniel e seus
amigos preservaram a sua identidade e convicção em um contexto secular não só
por não comer a comida real, mas por se posicionar por suas crenças. Como
resultado da fidelidade de Daniel a Deus, Deus o abençoou e o usou como instrumento de bênção para muitos. De
acordo com Gnuse, a história de Daniel "transmitiu uma mensagem de
esperança, declarando que declarou que
os judeus poderiam servir reis estrangeiros e trazer ajuda ou salvação para o
seu próprio povo, bem como ajudar os estrangeiros" (Gnuse 31). Além disso,
Daniel era conhecido como um homem de oração, mesmo quando arriscando sua vida,
como visto em Daniel 6, onde ele é colocado em uma cova dos leões por ser visto
orando. Rindge escreve: "um elemento de destaque na narrativa que Daniel
que está ausente em Gênesis 41 é a oração de Daniel (2:17-23)" (Rindge
92). Daniel ora para que Deus o ajude a interpretar o sonho do rei. Além disso,
Daniel ora pelo povo de Deus (Dan 9).
Conclusão
Este
artigo comparou as histórias e estilos de liderança de José e Daniel. Mesmo que
as histórias de José e Daniel compartilham várias semelhanças, na história de
Daniel os riscos são superiores e o desafio é maior. Em ambas as histórias, um
jovem israelita foi usado como instrumento de bênção nas mãos de Deus, em um
momento difícil e em uma terra estranha. Tanto o estilo de lidernça de Daniel
como o de José são baseados em sua fidelidade à Deus e a sua determinação de
não abandonar os princípios divinos. As histórias de José e Daniel ensinam líderes
cristãos lições importantes. Líderes cristãos devem seguir os exemplos de José
e Daniel, mostrando integridade a Deus e ao homem, mesmo no meio das
dificuldades. Líderes cristãos devem confiar que Deus está sempre no controle
da situação, e é capaz de redimir o seu povo, mesmo quando todas as circunstâncias
são contrárias. Portanto, líderes cristãos devem ser fiéis a Deus e não
permitir que a corrupção do mundo secular interfira em seus princípios e
valores divinos.
Além disso,
líderes cristãos devem sempre orar para que Deus os dirija na liderança a
frente do povo de Deus com integridade e orar pelos seus liderados.
Escrito por: Sara Silveira Santos Huson
Editado por: Juçara Silveira Santos
Bibliografia
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Howell, Don N. Servants of the Servant: A Biblical Theology
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Rindge,
Matthew S. "Jewish Identity Under Foreign Rule: Daniel 2 As A
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